Deus não nos tira o livre arbítrio, Ele não arromba a porta com violência nem sobe por outra parte como ladrão (Jo 10:1) - Ele bate a porta, e aquele que lhe abre, Ele entra e ceia consigo (Ap 3:20).
A vida vitoriosa ou a vida fracassada dependerá de certas atitudes que você precisará tomar nesta caminhada com Deus.
1) O que significa vencer?
Quando alguém prevalece contra seu inimigo ou problema, diz-se que ele venceu (1 Jo 2:13-14; Jr 1:19), todavia, quando ocorre o oposto, diz-se que ele foi vencido. Agora atentemos para um fato que ocorre no livro de Apocalipse: os capítulos 2 e 3 são mensagens que Jesus mandou para sete igrejas existentes na época na Ásia Menor. A algumas igrejas o Senhor falou severamente, a outras, nenhuma coisa desaprovou: no entanto, em todas elas, Jesus deixa o coletivo e fala a indivíduos quando diz: “ao que vencer...”. Deste texto nós tiramos três grandes ensinamentos:
1. O vencer cabe ao indivíduo. Uma coletividade pode ser vitoriosa mas ter membros que são perdedores, assim só participam desta vitória coletiva, indivíduos que são vitoriosos. Da mesma maneira, uma pessoa pode ser vitoriosa mesmo cercada de derrotados.
2. O vencer é um estado. É desde o momento que você aceita a Jesus até o momento de sua morte - Deus não aceita menos (Ap 2:10).
Há vidas que são vitoriosas, embora tenham alguns fracassos e deslizes no decorrer de suas vidas, e há vidas que são derrotadas embora tenham algumas vitórias. Assim, uma vida vitoriosa não se mede por vitórias isoladas, mas pela permanente vitória.
3. O principal é o último momento. O que valerá definitivamente para avaliar se você é vitorioso ou fracassado será o último momento de sua vida.
Imagine dois lutadores de boxe. O primeiro apanha quase toda a luta, mas no final, reúne forças e, com um golpe, derrota o segundo que, durante toda a luta era, tido como o vencedor. Na verdade o último momento da luta foi o que definiu quem era o vencedor desde o início. O primeiro estava apanhando, mas vencia a luta, pois resistia bravamente. O segundo estava com aparência de vitória, mas na verdade perdia. Em suma, o que definiu a luta foi o último momento.
Ezequiel recebeu uma palavra de Deus semelhante:
Deus disse a Ezequiel que se um justo viver toda a sua vida com retidão diante dEle, mas no final de sua vida desviar-se dos caminhos de Deus, “Não se fará memória de suas justiças”. Do mesmo modo, se o ímpio, o pecador viver injustamente, afastado de Deus toda sua vida, mas mo último momento arrepender-se, “...de todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele...” (Ez 18:21-24). Isto parece injustiça? De maneira nenhuma. A questão é que ambos, o justo e o pecador, no final de suas vidas, arrependeram-se do que haviam feito, o pecador renunciou seus pecados, o justo renunciou a justiça (vida com Deus).
2. Nossa força vem de Deus
Apesar da vitória depender de certas atitudes tomadas por nós, o homem é por natureza um ser decaído, destituído, assim sendo, o homem jamais conseguirá ter vitórias espirituais, vencer o mundo, o pecado e o diabo pela sua própria força (1 Sm 2:9; Sl 33:16). Nossa vitória só virá enquanto:
a) Estivermos ligados no Senhor Jesus (mantendo comunhão com Ele) - Para ensinar esta verdade, Jesus nos deixou os capítulos 6 e 15 de João. Ali Ele fala da necessidade de tirarmos nossas forças dEle, que é o nosso alimento espiritual (Jo 6:22-59). Também na ilustração da videira, vemos a evidência deste ensino, quando Jesus diz ser a videira e nós suas varas (ramos). Nossa dependência de Cristo para tudo se faz notória em Jo 15:4-10. Nele encontramos forças para vencer (Fl 4:13; Rm 8:37).
Lembre-se de seus líderes, nunca se desligue deles, pois eles zelam pela tua alma (Hb 13:17).
b) Estivermos quebrantados (sensíveis a Deus, Sl 34:18; 51:17; Is 57:15) - O espírito ou coração quebrantado é o oposto do coração endurecido. Quando o homem endurece seu coração para Deus, não há o que Deus possa fazer. Jacó era um homem que tinha tudo para dar errado. Era trapaceiro, inconsequente, mas tinha um coração quebrantado! Ele sabia sentir tristeza pelo pecado cometido, e numa briga com um anjo clamava pela bênção do Senhor - Jacó não confiava em si próprio.
A Bíblia nos diz que Davi era um homem “segundo o coração de Deus” (At 13:22) e isto não sugere que Davi não tenha pecado ou falhado, ou possuído imperfeições, mas a própria história de Davi, com seus fracassos e vitórias, nos mostra porque ele era segundo o coração de Deus: ele era quebrantado. Não confiava em si mesmo, e quando pecava, não endurecia seu coração, mas chorava e recorria ao Senhor (Sl 51).
Muitos interpretam o texto de Jr 17:5 como sendo uma palavra para não confiarmos nos outros, mas o texto se refere a confiar em si mesmo, por isto diz. “...e faz da carne a sua força, e aparta o seu coração do Senhor.”
Enquanto você estiver com o coração quebrantado, Deus poderá falar a teu coração e te dar forças para vencer (Sl 44:6-7).
c) Estivermos crendo em Deus acima de tudo (Sl 37:5). - Quando moço, Davi viu seu povo ser zombado e desafiado por um filisteu gigante, guerreiro a muitos anos. Davi aceita o desafio em nome do seu Deus. No momento em que Davi se encontrava frente a frente com o gigante, poderia ter recuado, mas não o fez. Davi confiava plenamente em seu Deus, e enfrentou a situação em nome do Senhor dos exércitos. Há momentos que a vida tem reservado para cada um de nós, em que sentimo-nos como Davi - ou Deus é por nós, ou fracassamos. Nestes momentos somos desafiados a crer em Deus acima de todas as coisas (Sl 25:3; Mt 6:33).
3) Os humildes vencem
Humildade quase nada tem a ver com pobreza - há muitos favelados que são muito mais orgulhosos do que muitos milionários. Humildade é o sepultamento do ego. Muitos dos que se desviam guardam consigo um rancor contra Deus e contra a igreja, por acharem que foram injustiçados ou não compreendidos, nem apoiados, todavia, só existe mágoa, rancor, ressentimento, quando o nosso “eu” é atingido - retire o “eu” e não fica mágoa nenhuma, porque você reconhece que não existe mais. Onde se encontra escrito que Jesus no Calvário ficou magoado convosco, ou ressentido com Deus por haver desamparado? Para Jesus, não interessava o seu “eu” (que aliás, era um “eu” maravilhoso), mas sim cumprir a vontade do Pai.
a) Renúncia - Entende-se por renúncia o reconhecimento que Deus é dono de tudo e eu nada tenho; também é deixar de desfrutar confortos pessoais para viver uma vida de luta constante contra o diabo e contra os desejos carnais.
O segredo da vitória do apóstolo Paulo é descrito nestas palavras: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2:20).
João Batista certa feita, foi tentado pelos seus discípulos a permitir que o orgulho tomasse conta de seu coração. Seus discípulos, vendo que Jesus estava também batizando pessoas, ficaram com ciúmes, e foram procurar João. Sua resposta foi: “é necessário que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3:30).
Jesus ensinou que aquele que quiser seguí-lo deverá tomar sua própria cruz, negar-se a si mesmo (renúncia) e então seguí-lo (Mt 16:243).
b) Humildade de espírito - Jesus disse: “bem aventurados os humildes de espírito” (Mt 5:3).
A humildade tem de ser interna, não apenas vestir uma capa de humildade. É necessário vencer o orgulho de coração.
4) O fracasso
Muitos são os que naufragam na fé e fracassam em seguir a Jesus - são chamados de desviados.
O que faltou a essas pessoas? Jesus não cumpriu suas promessas de proteção e paz? Jesus não os guardou, ou deu mais condições a uns e menos a outros? Não. Alguém disse com muita razão a seguinte frase:
“De cada dez pessoas, uma alcança o sucesso, e as nove, ficam arranjando desculpas pelo fracasso.”
O fracasso não vem por acaso. Ele está muito ligado a decisões e precipitações.
a) Decisões precipitadas - Deus muitas vezes parece, na nossa concepção, demorar par anos responder em uma determinada situação angustiante, porém Deus tudo faz no seu próprio tempo. É nestas horas que somos desafiados a confiar no Senhor e esperar que Ele nos dê resposta e solução. Esperar no Senhor é depositar nossa confiança nEle dando demonstração de fé. É aguardar que Ele nos guie pelo melhor caminho e nos tire da situação desesperadora e nos conduza a pastos verdejantes (Sl 23:2); é esperar pela Sua orientação (Sl 106:13).
b) Falta de permanência - É ordem do Senhor que demos um dos frutos do Espírito chamado “longanimidade” (Gl 5:22). É a falta de longanimidade que faz com que muitos desistam de sua posição de espera e deixem o seu posto como soldado de Cristo que aguarda vigilante a Sua vinda.
Somente em Jo 15, encontramos Jesus repetindo a palavra “permanência” em suas formas variadas, 13 vezes. Isto é muito significativo, pois o texto em foco aborda justamente a questão da vitória ou do fracasso espiritual. Haja o que houver, permaneça.
“Nunca veja teu pecado maior que o sacrifício de Jesus na cruz”
c) O desejo pelo mundo e bem estar (2 Tm 4:8-11) - Não podemos esquecer porém, que nem todos os que fracassam, fracassam por problemas. Muitos experimentam o evangelho e não sentem o gosto do mel, nem o valor do ouro depurado na Palavra de Deus (Sl 19:8-10). São amantes do mundo e das coisas corrompidas dele. São os que abandonam o Senhor, para viverem suas vidas “do seu próprio jeito”, são os que amam mais as trevas do que a luz (Jo 3:19).
d) A porca lavada (2 Pe 2:20-22) - Jesus nos contou uma ilustração: um espírito imundo sai de um homem e vai para lugares desertos. O homem deixa sua casa (sua vida) desocupada e o espírito volta e traz consigo mais sete “piores do que ele” para habitar naquele homem.
O desviado não tem paz. Ele não serve para a igreja e nem para o mundo, pois sua consciência o acusa e lhe tira a paz. É o sal que se tornou insípido e não serve para mais nada, a não ser para ser lançado fora e pisado. As palavras sobre o desvio são fortes, duras. A figura repugnante de um cachorro que come o seu próprio vômito, e duma porca que fora lavada e volta a revolver-se na lama são significativas. Deus quer que tenhamos a mesma repugnância ao mundo, e que não voltemos para lá.
5) Guarda o que tens (Ap 3:11)
A vida de Davi e Saul nos ensinam grandes lições espirituais. Um de vitórias e outro de fracassos. Ambos receberam de Deus as mesmas condições, tendo sido escolhidos diretamente por Deus (1 Sm 10:1; 16:13); ambos tiveram transformação de vida proveniente da capacitação que Deus estava lhes dando (1 Sm 10:6,10; 16:13).
Porém, Davi até hoje é lembrado como um grande rei e servo do Senhor, e Saul terminou sua vida em desgraça, indo ao suicídio.
A diferença entre os dois era o valor que cada um dava à vontade de Deus.
Davi quando pecava, não procurava se poupar, mas tinha arrependimento sincero, Saul, só pensava em sua posição diante do povo (1 Sm 15:30).
O que, contudo, fez a grande diferença entre a vida de Davi e Saul, foram as decisões mal tomadas. Cada decisão que Saul tomava, o levava para mais longe de Deus. Aprendamos com Davi.
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