TRANSFORMANDO O PROBLEMA EM SOLUÇÃO (Jonas 2)

·    O QUE É ISSO?

 A experiência do profeta Jonas no ventre do peixe nos ensina que, muitas vezes, a solução que esperamos está no nosso próprio problema.

Aquilo de que queremos nos livrar desesperadamente é justamente o que vai nos levar ao lugar seguro.

O problema de Jonas era o peixe; pensou que morreria dentro dele, no entanto, se ele ficasse livre do peixe no momento errado morreria no mar. O grande segredo era livrar-se do peixe no momento certo, depois que ele tivesse cumprido o seu propósito e servido de instrumento que o conduziria novamente à terra firme, porém, essa decisão estava fora do seu alcance. Por ter desobedecido a Deus encontrava-se agora totalmente à mercê da sua misericórdia.

Resumindo, o instrumento de libertação de Jonas era o seu próprio problema; não havia jeito de se livrar do problema naquele momento sem morrer afogado no meio do mar.

Isso nos leva a refletir sobre as diferentes situações em que nos colocamos muitas vêzes, por vontade própria ou não.

A Bíblia fala sobre isso de forma bem enfática:

Tiago 1:2 ? ?Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança?.

Romanos 5:2-5 ? ?...Nos gloriemos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. E a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado?.

Algumas características do caráter são impossíveis de se conseguir em meio à alegria e conforto. Somente na tribulação elas florescem e se fortalecem. A principal delas é a perseverança. A alegria verdadeira é uma benção e é benéfica, a alegria do mundo é tola e superficial; geralmente substitui a paz que falta ao coração.

Um exemplo gritante disso é o carnaval: pessoas pobres, infelizes, miseráveis separam quatro dias para se ?divertirem?. O dinheiro que poderia ser usado para aliviar um pouco a miséria, é utilizado para tentar ?esquecê-la?.

Problemas financeiros, sentimentais, doença, morte sempre existirão, para todas as pessoas; o fato é que a maioria, por desconhecer a palavra de Deus não sabe como lidar com eles.

O segredo é discernir o que é natural da existência e o que é antecipado e semeado por Satanás.

O grande segredo é reconhecer a ANTECIPAÇÃO. Pessoas que deveriam ficar enfermas e morrer com mais idade, muitas vezes são ceifadas antes, ou outras que são chamadas por Deus para o seu serviço são inutilizadas por causa de enfermidades ou ataques satânicos.

Há enfermidades pelas quais não adianta orar, pois estão no tempo de Deus; outras que são semeadas pelo inimigo devem ser repreendidas para que a saúde seja restituída. Em todos os casos, principalmente por não sabermos de qual das duas situações se trata, devemos seguir a orientação de Tiago 5:14-15.

Os ataques do maligno são variados e orquestrados contra os filhos de Deus. Vão desde problemas emocionais até enfermidades e morte prematura. Negar isso é fechar os olhos ao trabalho de Satanás e encarar a luta espiritual como se fosse apenas teatralização.

Se Jó não fosse um homem de Deus, com discernimento e sintonia apurados, seu final teria sido totalmente diferente, exatamente aquele que Satanás havia preparado.

A experiência de Jonas tipifica perfeitamente essa idéia na vida da maioria das pessoas:

·    FASES DO PROBLEMA

1.    A pessoa é engolida pelo problema  1:17

   

    Jó em momento nenhum foi engolido pelo problema. A diferença dele para Jonas é que ele era temente a Deus, independentemente da situação.

    Jó era homem integro, reto, temente a Deus e que se desviava do mal (Jó 1:8). Manteve a sua fidelidade diante de uma situação extrema de provação e sofrimento. Jó não escolheu passar por isso.

    Jonas estava fugindo, desobedecendo a Deus. Apesar de ter sido chamado por Deus, escolheu fugir para o lado oposto. Foi, literalmente, engolido pelo seu problema. Isso é o que se observa na vida das pessoas. O problema vai se agigantando de tal maneira que as domina por completo. É exatamente como estar no ventre do peixe: tudo fica escuro, a esperança se vai; fica-se à mercê do problema.

   

2.    A pessoa não tem um problema, o problema é que a tem  2:1-3

   

    É como nos sentimos em meio aos problemas. Parece que ele enche toda a nossa vida, todos os nossos espaços. A vida passa a gravitar em torno do problema.

    Se não acordarmos para isso e deixarmos que Jesus tome seu lugar no centro, cada problema que surgir conseguirá atrapalhar nossa vida e estragar nosso serviço no Reino de Deus.

    Quando temos problemas e não sabemos como resolvê-los eles passam a nos controlar e a ser nossos senhores. Eles agora nos têm em seu poder. O peixe agora tinha Jonas no seu ventre; isso significava levá-lo para onde quisesse, quando e como bem entendesse sem que ele pudesse esboçar qualquer reação. A sua ira, desespero e revolta a esta altura não fariam a menor diferença.

    Esse é um dos quadros mais comuns da vida moderna: pessoas angustiadas, estressadas, se debatendo com problemas que saíram totalmente do seu controle. Aparentando liberdade e ansiando por ela são cada vez mais escravizadas pelo pecado e pela falta do conhecimento da palavra de Deus. Tem o controle da tecnologia mais sofisticada mas não tem o menor controle sobre os seus desejos e paixões; não dominam a língua e a vontade pecaminosa.

   

3.    Sair do problema no tempo errado pode significar morrer afogado  2:3

   

    O texto diz que o peixe transitava com Jonas em alto mar, talvez em grande profundidade. Livrar-se do peixe àquela altura dos acontecimentos complicaria em muito a situação a ponto de levá-lo à morte. É sempre mais difícil sair de um problema do que entrar nele. Entrar nos problemas não custa nada, para sair deles, porém, há um preço e geralmente ele é alto.

    A psicologia, quando não atenta para os princípios da Palavra de Deus, tenta aliviar a angústia das pessoas mas o melhor que tem feito, na maioria das vezes, é tirá-las do ventre do peixe para que morram afogadas em alto mar.

    Só Jesus tem o poder de nos levar a salvo para a terra seca, conforme Ele afirma em Mateus 11:28-30:

    ?Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve?.

   

4.    Depender dos seus próprios esforços é totalmente inútil - 2:7

   

    É a típica situação em que não há o que se fazer a não ser depender de Deus.

    Há situações em que além da dependência de Deus, ele espera de nós ações.

    Exodo 14:15 ? ?Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem?.

    Nessa situação não havia nada a ser feito a não ser clamar e esperar na misericórdia de Deus.

    Discernir o que é tarefa nossa e o que é a parte de Deus é uma das principais atribuições dos cristãos. Quantas vezes não invertemos as tarefas? Tomamos nas nossas mãos o que é atribuição de Deus, como por exemplo, tentar converter ou modificar as pessoas e deixamos sob sua responsabilidade o que Ele atribuiu a nós:

    - ?...transformai-vos pela renovação da vossa mente...? - Rom. 12:2

    - ?...não vos embriagueis com vinho, mas enchei-vos do Espírito...? - Ef. 5:18

    - ?...andai no Espírito...? - Gal. 5:16

   

·    A RELIGIÃO RESOLVE?

   

1.    É fácil colocar o religiosismo acima da Palavra de Deus  v. 4

   

    Apesar de estar em desobediência a Deus, estava preocupado em estar no templo novamente. Cumprir rituais, para o religioso, é mais importante do que obedecer a Palavra de Deus. Considerava-se lançado fora da presença de Deus, mas desejava naquele momento estar novamente no seu santo templo. Transferir a santidade da vida pessoal para o templo de pedra sempre foi uma tremenda tentação para o homem, desde Adão.

    Isaías retratou bem essa situação no capítulo 1, vers. 12 a 17: comparecer ao santuário de Deus desacompanhado de obediência e retidão é tolice.

    A religiosidade é alguma coisa que pode ser manipulada e controlada pelo próprio homem; usada no momento de maior conveniência.

    Jesus alterou definitivamente o lugar santo ao nos conceder o seu Espírito Santo:

    I Cor. 6:19: ?Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos??

   

2.    É fácil esquecer-se de Deus  2:7

   

    A lembrança do chamado e missão que o Senhor havia lhe dado só veio à tona depois de um processo longo e doloroso. No episódio do navio, apesar das evidências e da delicada situação que acabou por lançá-lo ao mar, conseguiu dormir boa parte da viagem.

    Jonas lembrou-se do templo mas não da ordem de Deus de ser um profeta em Nínive. Depois que a sua alma se angustiou e desfaleceu é que a sua oração subiu ao Senhor (v. 7). Não do templo mas do ventre do peixe. O seu problema havia se transformado naquele momento no melhor dos templos, num altar perfeitamente adequado.

    

   

·    SOLUÇÃO

Quem deve conversar com o nosso problema é Deus  v. 10

Há muita gente declarando, decretando, dando ordens a Deus e a Satanás e aos problemas. Dar ordens a Deus, nem pensar; a Satanás e aos problemas funciona quando isso expressa autoridade recebida e colocada em prática. Fruto de uma vida de santidade e sintonia com a vontade de Deus. Quando é apenas expressão de arrogância e auto-preservação não tem o menor significado, não muda nada.

Se você for um Jó pode exercer autoridade, se for um Jonas pode apenas esperar misericórdia.

Temos poucos crentes como Jó e muitos crentes como Jonas, é por isso que o nosso evangelho parece não estar funcionando.

Quem falou ao peixe e ordenou que libertasse a Jonas, não foi ele mesmo, mas o Senhor:

Falou, pois, o Senhor ao peixe, e este vomitou a Jonas na terra (2:10).

A experiência de Jonas nos ensina claramente que querer livrar-se dos problemas pura e simplesmente sem tirar deles lições e corrigir rotas pode ser uma solução questionável. Precisamos entender se estamos sofrendo por causa de pecado, desobediência ou se ?pelo nome de Cristo? como diz o apóstolo Pedro em I Pe. 4:14.

As diferentes situações ficam bem exemplificadas em Jó e em Jonas. Há, ainda, muitos outros exemplos da própria palavra de Deus, muitos deles mencionados em Hebreus 11.

A verdade é que Deus, como Pai, corrige seus filhos quando há necessidade e este é um fato que deve nos alegrar, pois se não somos corrigidos devemos questionar a nossa filiação.

Somente o Senhor tem o poder de transformar situações-problema em veículos de transformação e aperfeiçoamento do nosso caráter; instrumentos que nos levarão de volta ao centro de sua vontade para as nossas vidas.